sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Resenha: Jane Eyre (2011)

A versão de 2011 é a mais recente versão cinematográfica de "Jane Eyre", e conta com Michael Fassbender e Mia Wasikowska nos papéis principais.

Mia e Michael - uma das cenas mais bonitas do filme

A versão mais antiga de "Jane Eyre" que assisti foi a de 1934, e de lá pra cá, quanta diferença! Alta qualidade é o que há. A fotografia do filme é belíssima, os cenários impecáveis e o diretor usou muito os ambientes à luz de velas, o que deu aquele ar meio gótico, misterioso que a história pede.
A idade dos atores segue mais ou menos a linha do livro, o que é uma ponto positivo.já que Jane era muito jovem quando foi para Thornfield Hall e essa peculiaridade não pode ser descartada (vide Jane Eyre 1970).
Mia nos entrega uma Jane extremamente quieta. Isso me causou certa estranheza, mas analisando bem, acredito que sua atuação foi primorosa. Creio que a estranheza inicial se deve ao fato de que quando lemos o livro, temos contato com todos os sentimentos, pensamentos e ações da personagem, o que pode dar a impressão que ela fala sempre. Só pela expressão facial ela consegue transpor os conflitos internos de Jane, o que é muito interessante. Sua atuação diverge de outras que já assisti, como Ruth Wilson e Zelah Clarke (havia momentos em que a Jane de Zelah tinha uma explosão de sentimentos, outros em que era recatada).

Adoro as expressões faciais e o olhar profundo da personagem

Edward Rochester é um dos meus personagens literários preferidos então sempre me atento a atuação do ator e também há a questão física, que para mim é importante: Rochester possui cabelos negros, sobrancelhas espessas e é feio. Michael não é, nem de longe, um homem feio. Tanto que em uma das cenas do filme, quando Jane diz à ele que não o acha bonito, soa cômico (aliás Mia é belíssima, uma boneca - mas ela compensa isso). Michael fez um Rochester peculiar, e gostei muito de sua atuação. Mesmo sendo muito bonito para o papel, ele compensou isso com uma rudeza especial. As primeiras conversações entre Jane e ele foram muito belas (o cenário à luz de velas foi encantador), e ele deixa claro alguns aspectos da personalidade de Rochester. Como o formato cinematográfico possui menos tempo, o personagem não foi cem por cento trabalhado, mas no limite do filme a interpretação foi muito boa.
Muito feio

Há algumas omissões que eu não aprovei, como a origem de Adéle, que foi ignorada e é uma parte importante pois é por ela que Jane vai à Thornfield. De resto, algumas passagens são bem rápidas e Grace Poole não é presença constante, o que pode ocasionar uma má interpretação do conflito que envolve Bertha ao público que não leu o livro.
Minha cena preferida, a do casamento, foi um dos ápices do filme: um cenário lindo e aqueles sentimentos à flor da pele que os fãs já estão acostumados. É sempre muito interessante comparar essa cena nos filmes, já que cada atriz apresenta uma reação diferente: Zelah me pareceu muito calma (?), Charlotte fria, Ruth muito emocionada (foi minha cena preferida) e Mia um pouco indignada e incrédula no começo (adorei!). A atuação do ator que interpreta Rochester também é muito importante (gente essa cena é incrível!) e Michael fez bem seu papel.
O ponto alto da atuação de Mia foi após o pedido de casamento, em cenas belíssimas em que ela soube demonstrar muito bem alguns momentos de insegurança de Jane.




Após o casamento frustado, há a cena que também aguardo muito e que se não descartada, é muito mal explorada, quando Jane decide partir: foi a melhor até agora, incrível, incrível.


O filme é um flashback então já começa quando Jane fugiu e suas lembranças retornam. A infância da personagem é bem rápida mas digna, a atriz que interpretou Jane quando pequena é muito boa (Amelia Clarkson), e Helens Burns também foi bem interpretada. Destaque para St. John Rivers, Jamie Bell está incrível e mantém aquela personalidade fria do personagem.


Essa versão foi a primeira que assisti logo após terminar de ler o livro, então tenho um carinho por ela.



quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes (1970)

ATENÇÃO: HÁ SPOILERS

Eu tento entender algumas coisas nesse filme que para mim não fazem sentido algum. A maioria das adaptações mantém o enredo: Heathcliff, um garoto com origem cigana é trazido à casa da família Eanrshaw se apaixona por Cathy e tem o ódio do irmão mais velho, Hindley. Assim, quando o pai morre, Hindley transforma Heathcliff em um criado e Cathy se casa com Edgar Linton. Anos depois ele volta e Cathy morre. Ok, foi um péssimo resumo, mas é o pontapé inicial para todos os conflitos dos personagens. Nessa versão, alguns pontos simplesmente não compreendi. Primeiro, Nelly possui sentimentos por Hindley (eu sei que Nelly possui um carinho por Hindley, ambos cresceram juntos, mas não sentimentos amorosos, pelo menos eu nunca percebi nas quatro vezes que li o livro). É verdade que em algumas adaptações Hareton nem existe, mas nessa só ficamos sabendo que ele morreu (?) ainda pequeno quando Heathcliff volta, por uma fala de Hindley.
Timothy é um Heathcliff digno, mas na primeira parte da história quase mal ouvi sua voz. Para mim a melhor parte de sua atuação é quando ele volta, uma mudança bem perceptível. Timothy também fez outro personagem bronteano, Mr Rochester, e devo admitir que gostei mais de Heath, mesmo que ainda falte um pouco de paixão, maldade, ironia e um sarcasmo cruel (vide Tom Hardy), não há aquele entonação de voz estranha.


 A versão possui aquele erro que também vi na versão de 1939, quando Heath bate em Cathy...acaba com tudo! E também há aquela agarração nas charnecas, após Heathcliff voltar...o que foi aquilo? (esse é um grande erro, pois dá a entender que o filho pode vir a ser de Heathcliff e não de Edgar). A cena da briga entre Linton e ele, quando este sai pela casa assustando todo mundo e as criadas saem correndo foi cômica, apesar de eu acreditar que era para ser meio assustadora.
No entanto algumas partes me agradaram, como a doença de Cathy quando Heathcliff parte: foi a primeira versão que assisti em que essa parte foi explorada, na versão de 2009 ela nem aparece. Foi a primeira versão que assisti também que em muitas vezes me peguei gostando mais de Linton do que de Heathcliff!

Edgar Linton

A atuação de Anna Calder-Marshall é um caso a parte, sabe quando falta algo? Gosto muito da Cathy de Binoche (O Morro, 1992), ela tem aquele ar selvagem que não encontrei em Anna, mas em algumas partes ela deixa bem claro o egoísmo de Cathy, como quando diz à Nelly que irá se fingir de doente. Suas cenas com Nelly, salvo o começo, são bem trabalhadas, e na parte da em que Cathy adoece e Heathcliff foge com Isabella, é bem fiel ao livro.

Nelly

A segunda geração de personagens é completamente ignorada, o que não é novidade, já que muitas versões também omitem essa passagem.
O final é um problema, já que dá a entender que Heathcliff morre logo após Cathy, e não quase vinte anos após. Salvo esse erro (e Hindley matá-lo), gostei das visões de Cathy pelas charnecas, e a última cena, em que os dois correm pelo morro muito bonita. 
Não é a melhor versão, logicamente, mas tem suas partes boas e ruins. Algumas mudanças no roteiro para mim foram imperdoáveis, mas de modo geral, para quem é fã, vale a pena.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes (1939)

Vamos falar de clássicos. A versão de "O Morro dos Ventos Uivantes" de 1939 é uma das primeiras que tive conhecimento, justamente por ser bem conhecida e contar com Laurence Olivier e Merle Oberon nos papéis principais. O filme (logicamente) ainda é em preto e branco e possui todo aquele clima hollywoodiano da época, com músicas bem dramáticas e caras e bocas no mesmo estilo. A versão abrange somente a primeira geração de personagens, focando nos conflitos de Cathy e Heathcliff.

Laurence Olivier e Merle Oberon

Quando você começa a assistir diversas adaptações de um livro que gosta muito, você aprende que não há cem por cento de fidelidade com a obra original, até porque as linguagens são bem diferentes. No entanto, algumas mudanças no roteiro podem ocasionar alguns erros que por mais que pequenos, podem mudar um pouco (ou muito) o sentido da história. Algumas mudanças nesse filme não me agradaram, e por mais pequenas que possam parecer (como quando o pai de Cathy e Hindley retorna trás os presentes que os filhos pediram. Na história original, o pai volta apenas com Heathcliff), há algumas, em minha opinião, lamentáveis.
Todos conhecemos a personalidade de Cathy: selvagem, rebelde, mimada e egoísta. Merle Oberon encarnou um Cathy digníssima (é sério, às vezes da vontade de bater nela). Apenas um passagem, no limite que a versão abrange, me desagradou. Quando Cathy e Heathcliff vão a casa dos Lintons e espiam pela janela, Cathy ainda desconhece esse mundo de luxúria, é livre, selvagem. Bem, nessa parte, nossa Cathy de 1939 diz algumas palavras que estragam toda a coisa: que queria muito uma vida como aquela, que um dia viveria daquela forma. Para quem leu o livro sabe que não é bem assim...

Merle Oberon

As cenas da infância são bem exploradas e isso me agradou bastante, suas brincadeiras nas charnecas, a ligação entre os dois. A maior parte dos filmes passa por essa parte muito rapidamente, e às vezes não dá para captar sua essência.
Laurence também é um bom Heathcliff, muitos o consideram o melhor: para mim, à frente dele somente Ralph Fiennes e Tom Hardy - ainda que lhe falte um pouco de maldade. Merle, mesmo com alguns erros no roteiro, é a Cathy que mais se aproxima do livro em personalidade (pelo menos na parte de ser mimada e egoísta), uma interpretação que merece aplausos: às vezes mostra todo o seu amor por Heathcliff, mas em outras o trata tão mal...

Cathy e Heathcliff

O senhor Lockwood chega à Wuthering Heights: parte muito bem explorada

Nelly anuncia a volta de Heathcliff: existe melhor expressão que essa?

Cathy e Isabella Linton

Para quem gosta de clássicos essa versão é certeira. Ainda acredito que a versão de 1992 é a mais fiel e a de 2009 possui as melhores interpretações, mas a de 1939 (como todas as suas falhas) possui lugar em meu coração.

PS: Estou com uma fila de resenhas de "O Morro dos Ventos Uivantes": 1970, 1992, 1998 e 2011, postarei o mais rápido possível.






Trilha Sonora "O Morro dos Ventos Uivantes" (2009)

Já escrevi uma resenha sobre o filme aqui, mas hoje o assisti novamente e tive que fazer um post apenas para comentar sua trilha sonora. A responsável pela trilha é Ruth Barret, e ela merece muitos méritos. Para mim todo o filme é perfeito, mesmo que haja algumas mudanças em relação ao livro, ele capturou a essência da história. Toda essa perfeição não estaria completa se as melodias do filme não fossem tão boas. E quando digo boas, falo sério: cada música possui as notas perfeitas, transmitem toda a emoção, tudo o que a cena pede. Minhas melodias preferidas são "I Found Peace" e "Lovers", como já mencionei no outro post, mas todas são incríveis. Deixo abaixo:

Cathy's Theme

Without You - até arrepia

Playing On the Moors

She's a Savage - muito, muito boa!

Heathcliff's Revenge

Please Come Home - essa música é tão forte, me soa como o desespero de Heathcliff, possui um ar fasntasmagórico

"I Found Peace" - acaba com meu coração

"Lovers" - PERFEITA

Kids In Love

Let Me In Heathcliff

Não vou ficar elogiando a atuação de Tom Hardy nem sua química com Charlotte Riley, mas são perfeitas! Abraços e aproveitem as canções!

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Resenha: Jane Eyre (1983)

A adaptação de 1983 é mais uma das que a BBC produziu: são onze episódios e Zelah Clarke e Timothy Dalton fazem os papéis principais. O roteiro é praticamente impecável e é o mais fiel à história que já assisti até hoje.

Zelah e Timothy

Começando pela infância de Jane, a série explorou muito bem os conflitos da personagem. É claro que uma minissérie, em alguns aspectos, não pode ser comparada a um filme, já que possui mais tempo para abranger mais pontos, por isso os filmes tendem a passar por essa fase bem mais depressa. O que me agradou muito foi que Jane não foi logo no começo mandada para Lowood: como no livro, ela fica um tempo ainda na casa de Mrs. Reed após o incidente no quarto vermelho e até o médico que cuidou dela nessa fase apareceu. Quando em Lowood, Mrs Temple também aparece, e há a cena em que muitas versões descartam, quando após Jane ser humilhada na famosa cena do banquinho, ela faz um investigação sobre as acusações. A atriz que interpreta Jane na infância é mediana, fez seu papel com dignidade: não é minha pequena Jane preferida, mas é válida. 


Podemos esperar cenas que não vemos na maioria das versões, como a despedida de Mrs. Temple após seu casamento e a inquietação de Jane após isso acontecer, o que a leva a colocar o anúncio. Nesse momento Zelah já assume seu papel e é uma Jane pequenina, simpática. Gosto de Zelah, ainda que já tenha visto muitas críticas por sua atuação, me agradou de certo modo: é contida em muitos momentos, mas há explosões de sentimentos em outros. 

Zelah Clarke

Já em Thornfield, alguns pontos me desagradaram. Gosto muito de Adele, então sempre me deleito com as escolhas das atrizes, mas nesse caso, não gostei, não. Algumas frases em francês, aparecendo de vez em quando e pronto: depois de um certo momento Adele simplesmente some.
 A cena em que Rochester cai do cavalo enquanto Jane está no caminho é sempre aguardada por mim, afinal é a primeira vez que ela e nós o vemos, e creio que muito da atuação do ator pode ser decifrada nesse momento. Bem, o que falar de Timothy? Sua atuação pode não ser a melhor, mas acredito que ele entendeu a essência do personagem. Brusco, grosseiro muitas vezes, mas com um entonação de voz deveras exagerada em alguns momentos. Foi a única coisa que realmente não gostei nele, o modo como algumas palavras foram pronunciadas me pareceram cômicas, mesmo em cenas dramáticas.
Mas por ter um exploração muito boa do livro, algumas partes que gosto muito, como a da cigana, que não é descartada, essa versão ganha muitos pontos. Foi a primeira Blanche Ingram morena que vi em várias adaptações, depois de tantas loiras e muito bem interpretada: orgulhosa, com olhares de superioridade.
Após o casamento frustado entre Jane e Rochester e da descoberta de Bertha, há uma cena que gosto demais, quando Jane sai pela primeira vez do quarto e Edward a está esperando na porta: muitas versões cortam isso, e eu acho uma cena belíssima.


Outro ponto positivo: a estadia na casa dos Rivers é muito bem explorada. Muito bem mesmo, com uma fidelidade quase total. St. John é muito bem interpretado e tem aquele ar frio que tanto repugna Jane quando este a propõe em casamento. Há todo o caso, desde quando Jane oculta seu nome até quando é descoberta e recebe sua herança, tudo muito fiel ao livro. Gosto da interpretação de Zelah nessa parte, sua animação, seus conflitos.
A parte final mantém toda a fidelidade que a série toda manteve, me agradou muito também. É a versão mais fiel que assisti até hoje, com certeza. Minhas atuações preferidas são a de Toby e Ruth, mas o melhor roteiro é dessa (ainda preciso assistir a versão de 1973 que é muito elogiada). O par principal merece méritos, logicamente, mas uma adaptação com esse roteiro e a interpretação de 2006 seria perfeita!

Abraços e até a próxima!

sábado, 24 de janeiro de 2015

Livro "Agnes Grey" de Anne Brontë

Anne Brontë é a mais nova das irmãs e escreveu dois romances: Agnes Grey e A moradora de Wildfell Hall. A versão de Agnes Grey que li foi editada com o título de "A preceptora" e é da Clube do Livro.
"Agnes Grey" é um livro um tanto singelo, mas com um crítica: o trabalho das preceptoras e seus desafios na casa de famílias abastadas. Não encontramos o mistério presente na obra de suas irmãs, paixões desenfreadas como em "Wuthering Heights" ou o ar gótico presente em "Jane Eyre". Porém há muito de Anne em Agnes: ambas foram preceptoras por não quererem ser um fardo para seus pais, Anne gostava muito de desenhar, talento que emprestou a irmã de Agnes, Mary Grey.
A personagem título, após problemas financeiros que abatem sua família, cujo pai - um pobre pároco - resolve investir o pouco que possui em um negócio que não dá certo, decide partir, se tornando uma preceptora na casa de Mr. e Mrs. Bloomfield na propriedade de Wellwood. Ela acredita que seus princípios morais possam ser compartilhados com seus alunos, e qual não é a sua decepção quando se vê em uma casa onde seu trabalho não é reconhecido e a maioria dos problemas que abatem as crianças é vista como culpada. Não há ajuda dos pais: ela não pode repreendê-los severamente, já que tampouco os púpilos a obedecem. Sua primeira tentativa é frustada, e como Mrs. Bloomfield acredita que seus filhos são bons e Agnes é quem exerce má influência, é dispensada. Após algum tempo consegue um novo emprego na propriedade dos Murray, onde conhece o pároco Edward Weston nas redondezas.

A obra nada mais é que uma crítica à vida das preceptoras e o descaso que sofriam. É algo gritante: seu isolamento, sua estagnação. Sempre que recordo "Agnes Grey" me vem à mente "Jane Eyre". A situação inicial é diferente (Jane é orfã), assim como todo o enredo, mas Jane parte para Thornfield Hall como preceptora. É engraçado comparar os tratamentos distintos que recebem: Jane é acolhida com simpatia por Mrs, Fairfax, assim como constrói uma boa relação com sua púpila Adéle. Agnes ao contrário enfrenta todos os tipos de contrariedades, principalmente na primeira residência em que prestou serviços (vale ressaltar que enquanto Jane possuía apenas uma aluna, Agnes contava com vários, e também não havia nenhum Edward Rochester...). Entrando na questão do romance, Agnes não se apaixona por nenhum homem misterioso, vingativo, obscuro (leia: Heathcliff e Mr. Rochester), mas por um pároco, Edward Weston, bondoso e amável. Entretanto ela crê que ele possui afeição por uma de suas belas púpilas, Rosalie Murray.
Gosto muito dos cenários que Agnes descreve, Para falar a verdade, um dos mais belos que já imaginei, as passagens em que descreve a natureza do lugar são belíssimas.
Foi um livro que li em apenas dois dias, mas que me encantou muito. Gostei de sua sutileza que esconde uma crítica muito válida. Adoro Agnes, e mesmo preferindo a selvagem e mimada Cathy e a força de espírito de Jane, ela me é muito querida.

PS: Ainda não li o outro livro de Anne, "A moradora de Wildfell Hall, mas já estou providenciando. Estou para assistir também a versão em minissérie que a BBC fez do livro, que conta com ninguém mais ninguém menos que Toby Stephens, meu Rochester preferido!

Beijos e boas leituras!

Resenha: Jane Eyre (1996)

A versão de hoje é a de 1996, com direção de Franco Zeffirelli. Charlotte Gainsbourg e William Hurt fazem os papéis principais. Não há uma versão de "Jane Eyre" que eu tenha assistido até hoje que tenha odiado. Sempre há uma parte que gosto mais em uma, outra que gosto mais em outra e assim por diante. Tenho um caso de amor e ódio com a versão de 1996: algumas coisas me agradam, alguns cortes acho imperdoáveis.
ATENÇÃO: HÁ SPOILERS

Charlotte e William (essa imagem é a capa da edição do livro "Jane Eyre" pela editora Paz e Terra)

Já li muitas críticas contra o Rochester de William Hurt. Quando assisti o filme pela primeira vez e era a segunda versão que havia assistido de "Jane Eyre", eu gostei. Como só conhecia o Rochester de Michael Fassbender e não havia muito para comparar, achava os dois no mesmo nível (ressaltando que depois de assistir várias vezes a versão de 2011, acho que Michael é um Rochester melhor que Hurt). Após começar a procurar ver todas as versões possíveis do livro e compará-las entre si voltei a versão de 1996, e quanta diferença!
Anna Paquin está muito bem interpretando Jane quando pequena e também gostei da escolha da atriz que interpreta Helen Burns. Geralmente gosto das atrizes mirins, elas conseguem traduzir bem os conflitos de Jane. Mesmo que a maioria dos filmes torne essa passagem muito rápida, sintetizam relativamente bem. Nessa versão há Mrs. Temple, o que me agrada muito.

Anna Paquin

Não acho que Hurt seja um Rochester detestável, mas está longe de ser o melhor (para mim, Toby Stephens). O problema, e eu já vi este tipo de dedução em vários sites, é que ele parece um bêbado deprimido, sempre com aquele copo de bebida em situações desnecessárias. Acho que ele não entendeu muito bem o que o personagem pedia.
Charlotte às vezes me agrada, outras não. Pra falar a verdade a única coisa que não gosto nela é aquela maneira de falar, aquele sotaque estranho. Mas como personalidade, uma Jane contida, que guarda suas emoções.
Vamos aos erros imperdoáveis: a cena que mais aguardo é a cena do pedido de casamento. É o ponto em que dá para perceber se a escolha dos atores foi primorosa, afinal é uma das partes em que os sentimentos estão à flor da pele. Nessa versão tudo é frio demais, não há sentimento, e Jane o chama de estúpido (?). Eu sei que não há cem por cento de compatibilidade com o livro, mas qual o motivo de uma fala assim? Acaba com toda a coisa!
Outro erro que não suporto é quando Jane foge: Thornfield já está pegando fogo quando ela vai embora e a carruagem já para na casa dos Rivers e ela desmaia (?). Eu não sei o que acontece, mas muitas versões ignoram o fato de Jane perambular por vários dias antes de ser encontrada por St. John. Qual o problema com isso?
A versão de 1996 peca nesses pontos: a atuação de Hurt, as omissões - e acréscimos - na parte em que Jane conhece os Rivers (aqui St. John cuida das finanças de Mrs. Reed) e a falta de sentimento. Não é a minha versão preferida, nem de longe, mas aqui no Brasil creio ser uma das mais conhecidas.

Jane retorna
Uma cena que espero sempre é quando Jane retorna, amo de paixão. Infelizmente muitas versões não mostram Jane e Rochester com seus filhos, felizes, nem falam que ele recupera a visão de um dos olhos, mas aqui há uma breve fala de Jane relatando os acontecimentos. Me lembro de ter visto essa cena (não só comentada) só nas versões de 2006 e 1997. 
Para quem é fã de Jane Eyre e quer assistir todas as versões, recomendo. Para quem quer o máximo de fidelidade, recomendo as séries da BBC de 1973, 1983 e 2006.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Livro "Jane Eyre" Ilustrado

Encontrei por acaso uma edição de "Jane Eyre" ilustrada por Santiago Caruso, é encantadora, vejam:


A edição é da editora The Folio Society
O primeiro encontro entre Jane e Rochester

Jane e St John

O quarto vermelho

o banquinho icônico

Jane após a fuga de Thornfield Hall

O livro é encontrado no site da editora, com informações a respeito da criação das ilustrações. Adorei!

          

Jana Eyrová - Československo (1972)

Sempre procuro por versões de "Jane Eyre" e como a obra é uma das mais adaptadas da história sempre me deparo com versões que não tinha conhecimento. A minissérie feita para a TV da Tchecoslováquia (Československo) foi produzida em 1972 e conta com Marta Vančurová (Jane) e Jan Kačer (Mr. Rochester) nos papéis principais.

Marta Vančurová (Jane) e Jan Kačer (Mr. Rochester)

Infelizmente não consegui encontrar a minissérie completa, o que não me admira. As únicas coisas que consegui encontrar foram várias fotografias, informações gerais e alguns vídeos no Youtube, que deixarei aqui no post. Em uma visão superficial, já que não possuo material suficiente para a resenha, Marta Vančurová é muito bonita para ser Jane, não acham? Fui com a cara de Jan Kačer, e vendo os vídeos no Youtube, fiquei curiosa para ver a série completa. Vou continuar procurando.
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Marta Vančurová

Marta Vančurová

Marta Vančurová e Jan Kačer

Os vídeos que encontrei foram estes. Estão legendados em inglês, mas para quem domina a língua ou conhece a história de cabo a rabo, não existem problemas:



Por enquanto vou aproveitar o que encontrei. Eu gostei da interpretação dos atores, é interessante ver minhas falas preferidas em uma língua que não seja inglês. Vale como curiosidade. Ah, recentemente vi algumas informações de uma versão de "Jane Eyre" que foi lançada em Sri Lanka! Vou procurar e trago para vocês! Abraço e boas leituras (e adaptações).

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Resenha: Jane Eyre (2006)

Adaptações em formato de minissérie são mais vantajosas para os espectadores, já que por possuírem mais tempo disponível, elas abrangem mais aspectos da obra. É por isso que de praxe as melhores versões são as que possuem esse formato. É certo que a escolha de atores que consigam transmitir as personalidades dos personagens do livro é um fator de peso, assim como uma boa trilha sonora. A minissérie "Jane Eyre" da BBC possui pontos positivos em todos os aspectos. Nos papéis principais, Ruth Wilson e Toby Stephens.

Toby Stephens e Ruth Wilson

Como essa é minha versão de "Jane Eyre" favorita, temo cair em algo raso, sem argumentos que provem que essa é uma das atuações mais belas que já tive o prazer de contemplar. Farei o possível para não.
Começando pela infância de Jane, acredito que poderia ter sido mais bem cuidada. Por se tratar de uma série, creio que mais tempo para essa cena não seria mau, já que é parte importante na construção do caráter de Jane. As partes do quarto vermelho, sua partida para Lowood são muito rápidas. A adaptação de 1983 (com Timothy Dalton e Zelah Clarke) explora bem mais os primórdios, aqui há uma escalação razoável das intérpretes mirins, mas de modo geral sintetiza o que acontece.
A interpretação de Ruth merece aplausos. É minha Jane perfeita. O que me agrada muito é que, quando leio o livro, mesmo que Jane não seja bonita, imagino que quando sorri seu rosto se ilumina e fica relativamente belo e a atriz consegue transpor isso: quando sorri Ruth fica belíssima. É recatada, mas não muito calada (achei a Jane de 2011 tão quieta!). 
A química entre os dois atores é incrível, e quando Toby entra em cena é impossível não se apaixonar. É impossível achá-lo feio, mas o Rochester de Toby é muito bem feito. Sarcástico, ácido, apaixonado. Um riso incrível.

Toby Stephens

O mistério com Grace Poole é bem trabalhado, as indagações de Jane são presentes. Os diálogos entres os personagens principais são incríveis. Tudo é muito bem trabalhado, apesar de algumas alterações no roteiro. Blanche Ingram foi bem interpretada por Christina Cole (qual o motivo de todas serem loiras? Blanche é morena!). A passagens em que Jane acredita que Edward irá se casar com Blanche são as que mais espero em uma versão, além da cena do pedido de casamento.
Falando em pedido de casamento, essa é a cena mais perfeita do filme e de todas a versões já feitas. Muita emoção! Ao contrário da versão de 1996 (com William Hurt e Charlotte Gainsbourg) que achei extremamente fria, Ruth nos entrega uma Jane com emoções à flor da pele.


A única parte que não me agrada, e isso acontece na maioria dos filmes e séries (exceto a de 2011 que gostei muito) é quando após o casamento frustado, Jane expõe que decide partir. Geralmente é mal explorada e nessa versão, em minha opinião, peca pela sensualidade.
Bertha, a "louca do sotão", está muito bem (se possível). Ela é louca, quando Rochester apresenta sua mulher à todos, é devidamente louca, mas está decente (vejam a Bertha da versão de 1997 - o que é aquilo?). Mostra sua sensualidade, o que tanto desejou Rochester.

A Bertha decente

Ainda tenho que assistir a versão de 1973 - que por muitos é considerada a melhor - mas por enquanto, a versão de 1983 é a mais fiel ao livro, enquanto a de 2006 tem as melhores interpretações. Acredito que se o roteiro de 1983 tivesse como atores os de 2006, seria a versão perfeita, nem precisaria de outra!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes (2009)

Assim como com "Jane Eyre", sou grande fã de "O Morro dos Ventos Uivantes", de Emily Brontë. Não bastando ler diversas vezes o livro, assisto todas as versões possíveis. A adaptação que acredito ser a mais conhecida é a de 1992, com Ralph Fiennes e Juliette Binoche (que comentarei em breve). Mas a minha versão do coração é a de 2009. Admito que em muitas partes há omissões, há algumas liberdades no roteiro, outras são cortadas (acontece com a maioria dos filmes, de praxe), mas Tom Hardy é meu Heathcliff preferido, sem dúvidas.
A adaptação de 2009 foi feita para o canal ITV, e conta com o já mencionado Tom Hardy e Charlotte Rilley como Heathcliff e Cathy.

Tom Hardy e Charlotte Riley

Tom Hardy tem a voz perfeita e doa um sarcasmo incrível para um Heathcliff de peso. Em minha opinião, é a melhor interpretação até agora (seguida de perto por Ralph Fiennes). Charlotte também é uma Cathy muito boa, salvo por eu achá-la boazinha demais. É certo que Cathy não é nenhum monstro, mas é impetuosa, mimada e egoísta.
Andrew Lincoln nos entrega um Edgar Linton perfeito: bondoso e amável (qual a razão de preferirmos Heathcliff? Eu sei, a alma de Cathy e a dele são iguais). A atriz que interpreta Nelly Dean (Sarah Lancashire) é muito boa também, há compaixão em seu olhar em relação ao destino dos personagens, Todos são muito bem posicionados, o figurino, cenário e trilha sonora são incríveis.

Andrew Lincoln

A trilha sonora do filme é impecável. Sempre dou muito valor as melodias do filme, pois boa parte da emoção da cena provém de uma música que desperte os sentimentos demonstrados. Ruth Barret, a responsável pela trilha, acertou todas as notas. Cada cena possui sua melodia perfeita. Todas são boas, mas "Lovers" e "I Found Peace", que é tocada quando Cathy volta para buscar Heathcliff - eu sei, é de acabar - tocam minha alma.







Não é a versão mais fiel ao livro, mas é a que possui melhores interpretações, sem dúvidas.

"Villette" de Charlotte Brontë em português

A Pedrazul Editora está por trás da bela edição de "Villette" Ilustrado. O livro é considerado o melhor romance de Charlotte por Virgínia Wolf, autora de "Rumo ao Farol".



Notadamente autobiográfico, Villette foi o último romance publicado em vida por Charlotte Brontë. Nele, ela atingiu o auge de seu poder artístico. É o trabalho mais completo e profundamente sentido da autora, superando até mesmo Jane Eyre em aclamação da crítica.

O livro é narrado por Lucy Snowe, que foge da Inglaterra e de um passado trágico para se tornar preceptora de três meninas, e, mais tarde, professora de inglês em um pensionato francês dirigido por Madame Beck, na cidade fictícia de Villette.

Lá, ela inesperadamente confronta seus sentimentos de rejeição, saudade, abandono e luta pelo amor de um homem. Apesar da adversidade e decepção, Lucy sobrevive para contar a visão irrestrita da jornada de uma vida turbulenta, uma viagem de uma mulher sozinha, os sentimentos conflituosos por dois homens tão diferentes como o fogo e o gelo, Monsieur Paul Emanuel e doutor John Graham Bretton, e um futuro incerto.



Antes do lançamento da Pedrazul, o livro era considerado raro no Brasil e nunca uma edição tão bem feita (como merece) foi apresentada aos leitores brasileiros. 

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Resenha: Jane Eyre (1943)

A adaptação cinematográfica de "Jane Eyre", datada de 1943 é uma das mais conhecidas. Conta com Orson Welles no papel de Mr. Rochester e Joan Fontaine como Jane Eyre

Orson Welles e Joan Fontaine

ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS
A primeira versão de "Jane Eyre" que assisti foi a de 2011, com Mia Wasikowska e Michael Fassbender nos papéis principais, logo que terminei de ler o livro. Procurando por mais versões, me deparei com várias, entre elas a de 1943. Ainda em preto e branco, o filme é um clássico. O longa conta com roteiro do aclamado escritor Aldous Huxley, famoso pelo livro "Admirável Mundo Novo".
Como fã incondicional de "Jane Eyre", assisto todas as versões possíveis e inevitavelmente, as comparo entre si. 
A primeira parte da história, os conflitos de Jane na casa de sua tia, Mrs. Reed, é razoável, omite alguns pontos. A garotinha que a interpreta mostra-se impetuosa, uma boa atriz. Quando em Lowood, a querida amiga de Jane, Helen Burns é interpretada por Elizabeth Taylor. A cena do banquinho está presente em todas as versões e esta é a minha preferida. O que não entendi foi: St. John Rivers não existe nessa versão. O sobrenome Rivers é empregado a um médico de Lowood. Por essa observação, já se pode perceber que pontos importantíssimos serão ignorados.
Joan Fontaine era uma das atrizes mais famosas da época e belíssima. Para quem leu o livro, certamente a aparência de Joan causa estranheza, ao passo que Jane é descrita como pequena, obscura, sem atrativos físicos. Ela nos entrega uma Jane passiva, com olhares furtivos. Orson é uma bom Rochester, não o melhor, mas creio que por conta de sua voz grave, ele marca presença. A presença de Grace Poole é, se não constante, válida. O que mais me encantou no filme foi a garotinha que interpretou Adele, um amor. 

Margaret O'Brien

A falha (proposital) acontece após o casamento frustado entre os dois protagonistas. Jane, no livro, quando decide abandonar Rochester, vaga sem rumo por alguns dias antes de ser acolhida pelos Rivers. O que acontece nesta versão é que Jane volta para a casa de sua tia! Isso muda completamente a história, já que é na casa dos Rivers que ela mostra toda sua força, e também há a questão da herança, que a torna uma mulher independente. Esse é um erro imperdoável!
A versão não é a mais fiel ao livro, tampouco a melhor, mas para quem quer assistir todas as versões de "Jane Eyre", ela não pode faltar. É uma das primeiras versões (a de 1934 é a mais antiga, creio), e por isso é válida. As atuações dos atores condiz com a época, e Orson Welles é um ator e tanto. No geral, salvo os erros apresentados, gostei muito.