segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Resenha: Jane Eyre (1983)

A adaptação de 1983 é mais uma das que a BBC produziu: são onze episódios e Zelah Clarke e Timothy Dalton fazem os papéis principais. O roteiro é praticamente impecável e é o mais fiel à história que já assisti até hoje.

Zelah e Timothy

Começando pela infância de Jane, a série explorou muito bem os conflitos da personagem. É claro que uma minissérie, em alguns aspectos, não pode ser comparada a um filme, já que possui mais tempo para abranger mais pontos, por isso os filmes tendem a passar por essa fase bem mais depressa. O que me agradou muito foi que Jane não foi logo no começo mandada para Lowood: como no livro, ela fica um tempo ainda na casa de Mrs. Reed após o incidente no quarto vermelho e até o médico que cuidou dela nessa fase apareceu. Quando em Lowood, Mrs Temple também aparece, e há a cena em que muitas versões descartam, quando após Jane ser humilhada na famosa cena do banquinho, ela faz um investigação sobre as acusações. A atriz que interpreta Jane na infância é mediana, fez seu papel com dignidade: não é minha pequena Jane preferida, mas é válida. 


Podemos esperar cenas que não vemos na maioria das versões, como a despedida de Mrs. Temple após seu casamento e a inquietação de Jane após isso acontecer, o que a leva a colocar o anúncio. Nesse momento Zelah já assume seu papel e é uma Jane pequenina, simpática. Gosto de Zelah, ainda que já tenha visto muitas críticas por sua atuação, me agradou de certo modo: é contida em muitos momentos, mas há explosões de sentimentos em outros. 

Zelah Clarke

Já em Thornfield, alguns pontos me desagradaram. Gosto muito de Adele, então sempre me deleito com as escolhas das atrizes, mas nesse caso, não gostei, não. Algumas frases em francês, aparecendo de vez em quando e pronto: depois de um certo momento Adele simplesmente some.
 A cena em que Rochester cai do cavalo enquanto Jane está no caminho é sempre aguardada por mim, afinal é a primeira vez que ela e nós o vemos, e creio que muito da atuação do ator pode ser decifrada nesse momento. Bem, o que falar de Timothy? Sua atuação pode não ser a melhor, mas acredito que ele entendeu a essência do personagem. Brusco, grosseiro muitas vezes, mas com um entonação de voz deveras exagerada em alguns momentos. Foi a única coisa que realmente não gostei nele, o modo como algumas palavras foram pronunciadas me pareceram cômicas, mesmo em cenas dramáticas.
Mas por ter um exploração muito boa do livro, algumas partes que gosto muito, como a da cigana, que não é descartada, essa versão ganha muitos pontos. Foi a primeira Blanche Ingram morena que vi em várias adaptações, depois de tantas loiras e muito bem interpretada: orgulhosa, com olhares de superioridade.
Após o casamento frustado entre Jane e Rochester e da descoberta de Bertha, há uma cena que gosto demais, quando Jane sai pela primeira vez do quarto e Edward a está esperando na porta: muitas versões cortam isso, e eu acho uma cena belíssima.


Outro ponto positivo: a estadia na casa dos Rivers é muito bem explorada. Muito bem mesmo, com uma fidelidade quase total. St. John é muito bem interpretado e tem aquele ar frio que tanto repugna Jane quando este a propõe em casamento. Há todo o caso, desde quando Jane oculta seu nome até quando é descoberta e recebe sua herança, tudo muito fiel ao livro. Gosto da interpretação de Zelah nessa parte, sua animação, seus conflitos.
A parte final mantém toda a fidelidade que a série toda manteve, me agradou muito também. É a versão mais fiel que assisti até hoje, com certeza. Minhas atuações preferidas são a de Toby e Ruth, mas o melhor roteiro é dessa (ainda preciso assistir a versão de 1973 que é muito elogiada). O par principal merece méritos, logicamente, mas uma adaptação com esse roteiro e a interpretação de 2006 seria perfeita!

Abraços e até a próxima!

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