quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Resenha: O Morro dos Ventos Uivantes (1970)

ATENÇÃO: HÁ SPOILERS

Eu tento entender algumas coisas nesse filme que para mim não fazem sentido algum. A maioria das adaptações mantém o enredo: Heathcliff, um garoto com origem cigana é trazido à casa da família Eanrshaw se apaixona por Cathy e tem o ódio do irmão mais velho, Hindley. Assim, quando o pai morre, Hindley transforma Heathcliff em um criado e Cathy se casa com Edgar Linton. Anos depois ele volta e Cathy morre. Ok, foi um péssimo resumo, mas é o pontapé inicial para todos os conflitos dos personagens. Nessa versão, alguns pontos simplesmente não compreendi. Primeiro, Nelly possui sentimentos por Hindley (eu sei que Nelly possui um carinho por Hindley, ambos cresceram juntos, mas não sentimentos amorosos, pelo menos eu nunca percebi nas quatro vezes que li o livro). É verdade que em algumas adaptações Hareton nem existe, mas nessa só ficamos sabendo que ele morreu (?) ainda pequeno quando Heathcliff volta, por uma fala de Hindley.
Timothy é um Heathcliff digno, mas na primeira parte da história quase mal ouvi sua voz. Para mim a melhor parte de sua atuação é quando ele volta, uma mudança bem perceptível. Timothy também fez outro personagem bronteano, Mr Rochester, e devo admitir que gostei mais de Heath, mesmo que ainda falte um pouco de paixão, maldade, ironia e um sarcasmo cruel (vide Tom Hardy), não há aquele entonação de voz estranha.


 A versão possui aquele erro que também vi na versão de 1939, quando Heath bate em Cathy...acaba com tudo! E também há aquela agarração nas charnecas, após Heathcliff voltar...o que foi aquilo? (esse é um grande erro, pois dá a entender que o filho pode vir a ser de Heathcliff e não de Edgar). A cena da briga entre Linton e ele, quando este sai pela casa assustando todo mundo e as criadas saem correndo foi cômica, apesar de eu acreditar que era para ser meio assustadora.
No entanto algumas partes me agradaram, como a doença de Cathy quando Heathcliff parte: foi a primeira versão que assisti em que essa parte foi explorada, na versão de 2009 ela nem aparece. Foi a primeira versão que assisti também que em muitas vezes me peguei gostando mais de Linton do que de Heathcliff!

Edgar Linton

A atuação de Anna Calder-Marshall é um caso a parte, sabe quando falta algo? Gosto muito da Cathy de Binoche (O Morro, 1992), ela tem aquele ar selvagem que não encontrei em Anna, mas em algumas partes ela deixa bem claro o egoísmo de Cathy, como quando diz à Nelly que irá se fingir de doente. Suas cenas com Nelly, salvo o começo, são bem trabalhadas, e na parte da em que Cathy adoece e Heathcliff foge com Isabella, é bem fiel ao livro.

Nelly

A segunda geração de personagens é completamente ignorada, o que não é novidade, já que muitas versões também omitem essa passagem.
O final é um problema, já que dá a entender que Heathcliff morre logo após Cathy, e não quase vinte anos após. Salvo esse erro (e Hindley matá-lo), gostei das visões de Cathy pelas charnecas, e a última cena, em que os dois correm pelo morro muito bonita. 
Não é a melhor versão, logicamente, mas tem suas partes boas e ruins. Algumas mudanças no roteiro para mim foram imperdoáveis, mas de modo geral, para quem é fã, vale a pena.


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